O PAPEL DA PATOLOGIA CLÍNICA/MEDICINA LABORATORIAL NA SUSTENTABILIDADE DOS SISTEMAS DE SAÚDE.

A ocorrência de cálculo renal em crianças está relacionada com desenvolvimento socioeconômico do país

- 28/08/2023


Na  mesa redonda “Laboratório em pediatria”, que ocorrerá no 55º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, em setembro, em São Paulo, pesquisadores discutirão como fazer diagnóstico, orientar tratamentos e o papel central dos exames laboratoriais no diagnóstico de nefrolitíase 

Ocorrências de cálculo renal, as conhecidas pedras nos rins, em crianças, não são casos raros, ainda que não existam dados consolidados para a infância. As estatísticas mundiais para adultos demonstram que entre 4 e 8% da população vão desenvolver cálculo ao longo da vida. “Em crianças, não temos dados confiáveis, por isso, muitas vezes, o diagnóstico fica restrito”, ressalta o professor Adagmar Andriolo, que antecipa o papel fundamental do laboratório para auxiliar os médicos na investigação. 

Médico formado pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e professor titular na mesma instituição, doutor em Patologia (USP), dr. Andriolo é uma das maiores referências no Brasil quando o assunto é medicina laboratorial. Uma das discussões que ele traz para essa edição do congresso brasileiro – que acontece em paralelo ao internacional – é o aspecto socioeconômico da nefrolitíase, a famosa pedra no rim. 

“Uma das frentes que vamos tratar nessa mesa redonda é a diferença do tipo de acometimento de cálculos em crianças em países menos desenvolvidos. Neles, as crianças têm mais frequentemente a formação de cálculo associado à infecção urinária, cálculos em porções mais baixas do trato urinário, ou seja, no ureter e na bexiga. Já nos países mais desenvolvidos, a formação de cálculo está mais relacionada a causas metabólicas, como erros inatos do metabolismo e distúrbios dietéticos, com formação de cálculos em posições mais altas das vias urinárias e nos rins”, explica ele.

Entre as anormalidades metabólicas citadas pelo médico, a hipercalciúria – alta excreção de cálcio na urina – é observada em cerca de 40% dos casos de formação de cálculos em crianças. De acordo com o professor, anomalias anatômicas, fatores ambientais, distúrbios genéticos e processos infecciosos também estão associados com os casos. 

Conforme avalia o dr. Andriolo, esse perfil de adoecimento está relacionado com o desenvolvimento socioeconômico do país e não necessariamente com a faixa etária, já que a doença se comporta da mesma maneira em jovens e adultos. Segundo o professor, isso está diretamente conectado com a falta de acesso a serviços de saúde pública. 

“Em países como o Brasil, muitas vezes, as infecções urinárias não são tratadas como deveriam. Os pacientes não chegam a ter acesso aos antibióticos ou não fazem o tratamento pelo tempo necessário para acabar com a infecção”, relata. 

Diagnóstico: Anamnese e exames laboratoriais

A dificuldade no diagnóstico se dá justamente pelo fato de que pacientes pediátricos não conseguem se expressar muito bem verbalmente. Por esta razão, o professor reforça a necessidade de o médico traçar o histórico de saúde familiar, atentando para o fato de haver familiares com cálculos ou doenças renais. 

“Além do exame físico detalhado, o médico também deve se informar sobre hábitos alimentares e de ingestão de água da criança, bem como a ocorrência de infecção urinária de repetição”. 

Quando há suspeita clínica, a tomografia de abdômen e o exame de urina de rotina são os mais eficazes na detecção, independentemente da posição em que se encontram os cálculos.

O médico ressalta a importância de se obter o cálculo para avaliar sua composição química, o que pode orientar o tratamento. Exames mais específicos devem ser realizados após ter passado a crise aguda e têm a finalidade de avaliar o metabolismo, principalmente, ou seja, as substâncias que formam a pedra, que podem ser, em sua maioria, cálcio, oxalato e ácido úrico. Em função disso, as dietas são propostas de forma mais assertiva.


Tratamento:

O tratamento depende da natureza e da causa do cálculo, mas o aumento da ingestão hídrica é uma orientação geral que auxilia muito no controle das recorrências. Além disso, a dieta com controle da ingestão de gorduras, sal e açúcar também são fundamentais. 



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