Papel do Laboratório Clínico na Promoção da Saúde

Atendimento a transgêneros é tema de apresentação no 55º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, que começou hoje em São Paulo

- 05/09/2023

Aula discute o atendimento a pacientes transgêneros: como tratar os valores referenciais para exames laboratoriais e a importância do acompanhamento com equipe multidisciplinar


A aluna do 4º ano de Medicinada Universidade de Rio Verde, em Goiás, Marihá Thaís Trombetta, tem um amigo transgênero há alguns anos. Com o convívio, ela percebeu despreparo dos profissionais de saúde na hora de fazer o atendimento. “É sempre um momento de grande desconforto para ele”, relata. 

E a partir da experiência pessoal, orientada pela professora Christiane Campos Marques, ela traz a apresentação “Singularidades laboratoriais e atendimento inclusivo de pacientes” transgêneros para discutir o tema em uma das mesas redondas do congresso.  

De acordo com pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp), cerca de 2% da população brasileira tem diversidade de gênero. Dentro do guarda-chuva da diversidade, que é composta por indivíduos transgêneros, de gênero fluido e indivíduos não-binários, os transgêneros são aqueles que não se identificam com o sexo biológico com o qual nasceram. 

Enquanto o gênero fluido ora se identifica como homem, ora como mulher, ou com nenhum dos dois, o não-binário é aquele que não se encaixa em nenhum. 

Em casos de transgenereidade, o mais comum é que o homem transgênero sinta que nasceu “homem em corpo de mulher”. E vice-versa para mulheres transgêneros. Essa incapacidade de habitar o próprio corpo, que faz com que eles recorram a tratamentos hormonais, tem nome e é chamado de disforia. 

As mulheres transgêneros, que são os indivíduos nascidos com sexo biológico masculino, fazem uso de estrogênio e anti-androgênio, o que ocasiona uma atrofia da produção de espermatozoides, estimula as glândulas mamárias, diminui os pelos, etc. Os homens transgêneros, ao fazerem uso da testosterona, muitas vezes, param de menstruar. 

Além dos resultados na aparência física, a terapia hormonal pode desencadear alterações em exames laboratoriais. Nas mulheres transgênero, a tendência é ter níveis aumentados de prolactina, triglicerídeos e ferritina, por exemplo. Nos homens transgênero, os triglicerídeos também ficam aumentados, bem como a fosfatase alcalina. 

“Em um atendimento de saúde ideal, o paciente daria entrada pelo sistema único de saúde. Com uma equipe multidisciplinar, ele daria início ao tratamento, com médicos de diversas áreas, que avaliassem o sistema renal e hepático, o emocional também”, explica.

Conforme explica a estudante, a terapia hormonal deve fazer acompanhamento semestral, anual ou bianual, a depender do exame. No caso de comportamento sexual de risco, é importante fazer exame sorológico com mais frequência. O rastreamento oncológico também é importante, bem como desintometria óssea regular.  

“Os homens transgêneros, por exemplo, precisam fazer mamografia até a retirada da mama e o exame preventino, até a retirada do útero, se for o caso. No caso das mulheres transgêneros, é importante depois dos 50 anos, fazer a dosagem do hormônio prostático.


Outras Notícias

55º Congresso SBPC/ML e 32º Congresso da WASPaLM recebem quase 7 mil participantes

Pelas diferenciações de gênero na saúde

A Hematologia no laboratório clínico: novidades em tecnologia e principais achados

Como a era digital influencia a atuação de profissionais da saúde

Médicos patologistas clínicos e nefrologista discutem o estado da arte em avaliação da função renal em mesa redonda no 55º Congresso Mundial de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial

SBPC/ML lança 3ª lista de recomendações do Choosing Wisely Brasil no 55º CBPC/ML

Distúrbios de crescimento na infância geram baixa ou alta estatura

Dr Adagmar Andriolo alerta para aumento da nefrolitíase infantil

Os impactos da RDC 786 na norma PALC

Avaliação das Dislipidemias Primárias em crianças

Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial apresenta inovações de marcas parceiras no maior encontro do setor

Brasil, Colômbia e Peru são os países com maior número de tuberculose na América Latina

Biomarcador aumenta chances de prever a pré-eclâmpsia na gestação

Transformação digital disruptiva na saúde: 55º Congresso da SBPC/ML debate as novas tendências na gestão laboratorial

Campanha de valorização aos laboratórios é lançada no 55º Congresso da SBPC/ML

Diabetes Mellitus: a importância da correlação clínica laboratorial

Tecnologias podem aumentar o diagnóstico de doenças transmissíveis em locais remotos

Ampla grade de atividades estará nos Congressos Brasileiro e Mundial de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, na próxima semana, em São Paulo

A ocorrência de cálculo renal em crianças está relacionada com desenvolvimento socioeconômico do país